Quando nos sentimos ouvidos de verdade, com atenção e cuidado, nossos sentimentos são acolhidos e os laços se estreitam. Com as crianças não poderia ser diferente. A escuta ativa é uma técnica de comunicação e abordagem da psicologia infantil. Nela, toda a nossa atenção é voltada para a fala da criança, com acolhimento e dedicação.
A escuta ativa proporciona um ambiente seguro no qual a criança pode expressar seus sentimentos, emoções e pensamentos, sabendo que será ouvida e compreendida. Essa técnica fortalece o vínculo entre pais e filhos e pode ser essencial no desenvolvimento emocional e na resolução de conflitos. Vem com a Casatema entender mais sobre o universo infantil e como se comunicar melhor!
O que é escuta ativa na prática?
Afinal, como a escuta ativa é vista no dia a dia? Muitas vezes pais e mães acabam fazendo julgamentos, dando broncas e não deixam espaço para diálogo. As crianças acabam ouvindo sermões em silêncio quando cometem erros, acabam reprimindo seus sentimentos e emoções ou até mesmo criando mágoas e traumas que podem prejudicar seu desenvolvimento cognitivo.
A escuta ativa na prática envolve algo diferente desse cenário comum de sermões. É dar à criança um espaço seguro para se expressar, sem interrupções, julgamentos ou respostas automáticas. Os pais ou responsáveis ouvem com atenção, fazem perguntas que incentivam a reflexão e mostram que estão genuinamente interessados no que a criança tem a dizer.
O objetivo é ajudar a criança a entender seus sentimentos, validá-los e, juntos, encontrar soluções para problemas ou desafios, promovendo um ambiente de confiança e respeito mútuo. A escuta ativa permite que broncas virem diálogos e mágoas se tornem abraços, incentivando a conexão entre pais e filhos.
Como conciliar escuta ativa e disciplina?
Conciliar escuta ativa e disciplina é fundamental para criar um ambiente de aprendizado e respeito. A escuta ativa permite que a criança se expresse e sinta que suas emoções são valorizadas, enquanto a disciplina estabelece limites e orienta o comportamento.
O equilíbrio está em ouvir a criança com empatia, entendendo suas emoções, e, ao mesmo tempo, aplicar regras claras e consistentes. A disciplina, quando feita com paciência e diálogo, não se torna punitiva, mas sim educativa, ajudando a criança a refletir sobre suas ações e a aprender com os erros.
Se, por exemplo, uma criança não quer fazer a tarefa de casa, o pai ou mãe pode perguntar calmamente o que está acontecendo. Se a criança responde: “Eu não gosto dessa tarefa, é muito difícil!” A escuta ativa entra nesse momento.
É possível fazer mais perguntas e entender o que realmente é difícil para a criança em uma situação assim e ajudá-la: “Qual parte do dever de casa está te preocupando?” “Você se lembra do que a professora falou no dia da aula?”.
O responsável, ao invés de impor um sermão ou punição obrigando a criança a fazer a tarefa, responde com empatia: “Eu entendo que está sendo difícil para você. Quer que eu te ajude a entender melhor essa parte?” Após ouvir a criança e validar sua dificuldade, o pai oferece ajuda, mas ainda estabelece a disciplina necessária para cumprir a tarefa, incentivando a autonomia infantil.
O importante é entender que as crianças não estão tentando ludibriar, enganar os adultos, ou com “má vontade”. Elas têm seus próprios motivos e sentimentos, assim como nós e é muito mais fácil e menos dolorido para todos entender que estamos todos do mesmo lado e ninguém contra ninguém.
Às vezes começar um dever de casa pode, sim, ser assustador, então ajude a criar um ambiente de aprendizado divertido, onde a criança tenha vontade de aprender e enfrentar seus desafios com a sua ajuda.
Como praticar a escuta ativa com as crianças?
Preparamos algumas dicas para que você possa se conectar melhor com seus filhos através da escuta ativa e ser também ouvido:
1. Use a linguagem corporal
Abaixe-se e fique na altura da criança, para conversar com ela de igual para igual. Olhe em seus olhos, mostre que você está atento com gestos, como acenos ou sorrisos, para encorajar a conversa. Esteja lá para ela.
2. Não interrompa
Deixe a criança falar sem ser interrompida, respeitando seu tempo de expressão. Crianças pequenas demoram mais que os adultos para articular seus pensamentos e construir sua fala. Seja paciente e espere a criança terminar, pois ela também está tentando entender o que está acontecendo.
3. Faça perguntas abertas
Estimule a criança a explicar melhor seus sentimentos e pensamentos com perguntas que não tenham respostas simples de “sim” ou “não”.
4. Dê atenção total
Evite distrações e mantenha contato visual para mostrar à criança que você está realmente ouvindo. Evite falar com a criança enquanto organiza a casa ou mexe no celular, por exemplo.
5. Valide os sentimentos
Reconheça o que a criança sente dizendo coisas como “Entendo que você está frustrado com isso.” Às vezes o que é um medo bobo para você pode ser um grande desafio para ela, por exemplo. Essa é uma forma de exercitar a inteligência emocional infantil.
6. Resuma o que ouviu
Reafirme o que a criança disse, dizendo algo como “Então você está chateado porque…,” para garantir que você entendeu bem.
7. Evite julgamentos
Mostre compreensão em vez de críticas, deixando espaço para a criança se abrir sem medo. Evite apontamentos e julgamentos que podem prejudicar a autoimagem da criança. Se, por exemplo, a criança não quer guardar seus brinquedos, tente entender seus motivos e trabalhar junto da criança para solucionar o problema.
Chamá-la de “bagunceira” ou “desorganizada” pode prejudicar a forma como ela se entende no mundo e gerar sentimentos de vergonha, culpa, medo, raiva, ansiedade e até mesmo comportamentos de autopunição que machucam a criança.
A escuta ativa é uma ferramenta poderosa na criação de relacionamentos familiares mais saudáveis e no desenvolvimento emocional das crianças. Ao praticar essa técnica, pais e responsáveis criam um ambiente seguro para que os pequenos se expressem, reforçando a confiança e fortalecendo o vínculo familiar.
Com paciência, empatia e atenção, é possível aplicar a escuta ativa no dia a dia, conciliando disciplina com compreensão. Dessa forma, os pais podem educar com carinho e os filhos se sentem valorizados e ouvidos, criando uma dinâmica familiar mais harmoniosa.
Agora que você já sabe mais sobre como ouvir e entender melhor as crianças, confira nosso post sobre coordenação motora fina infantil e aprenda a estimulá-la nas crianças.
Boa leitura!