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Pedagogia montessoriana: como funciona e como aplicar em sala de aula

A pedagogia montessoriana foi desenvolvida com base na observação do comportamento das crianças e, por isso, é especialmente eficaz no estímulo e no florescimento das habilidades e competências delas durante suas fases de desenvolvimento, como a inteligência emocional, expressão corporal, linguagem e muitas outras.

A partir dos anos 2000, diversas pesquisas e estudos relevantes vêm sendo desenvolvidos acerca do método para comprovar a aplicabilidade das atividades e sugestões propostas pela fundadora, e os resultados são promissores.

Hoje vamos comentar um pouco sobre como começou e de onde surgiu o Método Montessori, qual a visão da criança que o método tem e quais são os seis princípios básicos da pedagogia montessoriana para uma educação positiva e eficaz.

menina na torre montessoriana espremendo limão

O início do método Montessori

A pedagogia montessoriana é um método desenvolvido por Maria Montessori a partir da observação do comportamento das crianças em dois tipos diferentes de ambientes: um com uma estrutura favorável ao desenvolvimento infantil e outro sem nenhum tipo de estrutura.

A diferença foi notável e as crianças com um ambiente propício ao seu desenvolvimento obtiveram muito mais sucesso ao adquirirem novas habilidades em relação às crianças que não tinham estímulos positivos para o seu desenvolvimento.

Motivada com as observações, Maria Montessori estudou ainda mais e montou a sua própria escola, onde as crianças tinham um ambiente completamente favorável e adaptável ao seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, livre para que elas demonstrassem quais eram suas principais necessidades.

Como é a criança montessoriana

Do ponto de vista da pedagogia montessoriana, as crianças são plenamente ativas em sua vida e rotina infantil. Ganham mais independência dos adultos, tornando-se potentes e habilidosas com atividades cada vez mais complexas. Além disso, desenvolvem a criatividade e a imaginação.

A pedagogia montessoriana divide o crescimento das crianças em planos de desenvolvimento. Ao todo são quatro planos, indo de 0 a 24 anos, mas vamos abordar aqui apenas os dois primeiros que compreendem as crianças em fase escolar da educação infantil ao ensino fundamental I.

O primeiro plano de desenvolvimento vai de 0 a 6 anos e o segundo de 6 a 12 anos. Vamos entender um pouco mais sobre cada plano e quais são os objetivos das crianças em cada um deles.

0 a 6 anos – Primeiro Plano do desenvolvimento

No primeiro plano de desenvolvimento, as crianças estão sempre alertas para aprender como o mundo funciona e para saber como funcionar no mundo, adquirindo a cada dia mais autonomia e independência em relação aos adultos.

É nessa fase que elas absorvem gestos, movimentos, imagens, linguagens, regras, leis da natureza e principalmente a cultura do ambiente em que estão inseridas. E cada nova informação que chega, ressignifica completamente todo o sistema cognitivo delas, acrescentando informações e tornando o cérebro cada vez mais complexo e lógico.

A independência física é o principal objetivo das crianças, principalmente no final do primeiro plano de desenvolvimento, quando elas já compreendem racionalmente conceitos complexos e começam a buscar a sua individualidade no mundo.

crianças sentadas em uma roda para estudar

6 a 12 anos – Segundo plano do Desenvolvimento

Quando chegam ao segundo plano de desenvolvimento, as crianças já estão dominando o mundo ao seu redor, estão mais preparadas para cuidar de si e podem até prestar auxílio para pessoas mais velhas, mais novas, animais e ter cuidados também com o ambiente ao seu redor.

Nesta fase, também começa de fato a sua jornada intelectual começando com a alfabetização e o domínio da linguagem, passando pela leitura, escrita e construção de narrativas.

Através da imaginação, ela cria e investiga o mundo, buscando dentro de si razões e análises para valores e princípios que começam a ser fundamentais para o bom convívio em sociedade com crianças de sua idade e adultos.

Os conceitos e problemas morais começam a estar frequentemente nos questionamentos das crianças e elas precisam de espaço para fazer a sua análise e chegar a suas próprias conclusões.

Aos adultos cabe fornecer informações e elementos para que as crianças encontrem sozinhas as respostas que buscam, perguntando, narrando, conversando e refletindo muito até chegarem à fase da adolescência.

Os 6 princípios do Método Montessori

A educação montessoriana nunca teve princípios ditados pela sua fundadora. Os conceitos a seguir foram introduzidos com o tempo, conforme a compreensão do Método Montessori foi aumentando e o conhecimento foi ficando acessível para cada vez mais pessoas ao redor do mundo.

Pensando didaticamente, os princípios abaixo são guias para conduzir atividades embasadas pela pedagogia montessoriana, pensando na autonomia e na independência das crianças em sala de aula.

sala de aula com professora e alunos

1. Autoeducação

Maria Montessori sempre acreditou que as crianças têm a capacidade de aprender sozinhas a partir da experiência. É assim para aprender a andar, falar, comer, segurar coisas, reconhecer vozes e rostos, fazer carinhos, sentir emoções. Na educação montessoriana, é preciso confiar na criança e deixar que o processo aconteça naturalmente, por tentativa, erro e aprendizado, sempre de forma livre e independente.

Para atingir tais objetivos, elas precisam do exemplo, da experiência, da percepção e do desafio. Com esses quatro elementos, elas seguem livres pela vida, se desenvolvendo diariamente e ampliando potencialmente suas capacidades inerentes e adquiridas, seja no campo intelectual ou na prática de esportes, que inclusive têm opções de ótimas modalidades para se desenvolver ainda mais social, física e mentalmente.

Existem materiais desenvolvidos especificamente para fornecer os recursos para que as crianças aprendam sozinhas com os aspectos citados acima. A ideia é sempre evoluir um pouco por vez, mas ter uma evolução contínua e ascendente.

2. Educação cósmica

A educação cósmica consiste em fazer a criança entender desde cedo que faz parte de um todo maior, e que todas as coisas estão conectadas e são interdependentes, não importando o seu tamanho ou significado.

Ter essa consciência faz com que a criança tenha um respeito por todas as coisas e pessoas que a cercam, entendendo que a natureza e o universo têm uma ordem para tudo, sendo protagonista da própria história.

Essa parte do processo é muito importante durante o segundo plano de desenvolvimento, quando a educação das crianças deve ser voltada para histórias, pesquisas e perguntas que despertem a sua curiosidade sobre o mundo.

3. Educação como ciência

A educação da pedagogia montessoriana não parte das crenças dos adultos, mas, sim, do desenvolvimento natural das crianças. Por isso, o Método Montessori é baseado principalmente na observação paciente das necessidades de cada criança a todo instante.

É um trabalho individualizado que requer muita paciência e persistência por parte do professor e dos pais, mas, a longo prazo, pode ajudar as crianças a terem um ótimo desempenho nos anos finais do ensino fundamental, depois no ensino médio, na sua vida acadêmica na universidade e na vida profissional.

4. Ambiente preparado

O ambiente é fundamental para o desenvolvimento das crianças na pedagogia montessoriana. Mas existem alguns aspectos que devem ser considerados para garantir, em primeiro lugar, a liberdade de expressão das crianças.

É fundamental que as coisas estejam acessíveis para as crianças, e isso é um ponto tão importante, que hoje em dia já são desenvolvidos móveis montessorianos para ambientes favoráveis ao desenvolvimento infantil, como os organizadores montessorianos, por exemplo.

Na escola é preciso que as crianças consigam comer, usar o banheiro, beber água e fazer a sua higiene pessoal sem necessidade de autorização ou ajuda de adultos, por isso, o ambiente deve ser totalmente preparado e planejado para que as crianças tenham autonomia e independência.

5. Adulto preparado

Para favorecer o desenvolvimento das crianças dentro da pedagogia montessoriana, é fundamental também que os adultos, tanto professores quanto pais, estejam abertos e preparados para passar por uma transformação. Será necessário rever conceitos e abandonar a postura adulta em alguns momentos.

Esse é um dos benefícios da parentalidade consciente, um conceito tão interessante quanto à pedagogia montessoriana, que pode ser trabalhado em conjunto com práticas do método.

Ser um adulto observador também é parte importante do processo e ajudar é sempre uma tarefa mínima, não mais do que necessária, porém com presença garantida caso a criança tenha necessidade.

6. Criança equilibrada

Para ser uma criança equilibrada, ela precisa ter uma liberdade biológica para se desenvolver plenamente, conforme afirmava Maria Montessori.

Por isso, sem deixar de ter cuidado, desde a educação infantil é importante dar autonomia para as crianças encararem novos desafios todos os dias. Assim elas se manterão interessadas no mundo e não ficarão apenas sentadas em sua zona de conforto.

Crianças que não desenvolvem simultaneamente a vontade e a ação tendem a ser mais instáveis, irritadas, agitadas ou completamente distraídas e desinteressadas de qualquer assunto.

Portanto, é preciso deixar que ela execute as suas vontades sempre observando e refletindo sobre qual a melhor abordagem a tomar em cada caso.

Criança equilibrada

Para implementar algumas atividades e conceitos montessorianos em sala de aula, é importante sempre parar e observar para buscar compreender profundamente quais são as reais necessidades das crianças e qual a melhor abordagem tomar diante de cada situação específica. É um trabalho árduo, muito disciplinado e constante por parte de pais e professores.

Esperamos que você tenha gostado do conteúdo. Continue acompanhando o blog para mais assuntos sobre o Método Montessori, maternidade, brincadeiras e muito mais.

Leia também, Conheça as principais metodologias de ensino e suas características

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