Noites em claro, muito choro, dias com cansaço, exaustão. Você, mãe, não está sozinha. Nós da Casatema entendemos as dificuldades do processo de fazer o bebê dormir sem os pais, o que pode ser doloroso tanto para você quanto para o bebê.
Apesar das dificuldades, esse processo é fundamental para o desenvolvimento cognitivo da criança, estimulando a autonomia e, além disso, permitindo que o casal se reconecte e desfrute de noites de sono mais tranquilas. Sabendo disso, trouxemos um guia completo para você entender como lidar com as necessidades do bebê nesse momento tão delicado.
Neste artigo, vamos abordar o passo a passo para implementar esse aprendizado de forma humanizada, acolhedora e baseada em evidências científicas. Vamos juntos?
1. Crie uma rotina consistente e tranquila
A etapa mais importante para estabelecer disciplina na hora de fazer o neném dormir sozinho é manter o ciclo circadiano em dia, ou seja: rotina organizada. Atividades estimulantes e brincadeiras durante o dia, atividades que estimulem o sono à noite. Estudos indicam que rotinas noturnas previsíveis melhoram a qualidade do sono em crianças pequenas¹.
A rotina deve incluir atividades relaxantes como banho morno, leitura de histórias ou canções de ninar. Essas práticas estimulam a liberação de melatonina, hormônio responsável pela indução do sono. Um ambiente calmo e silencioso é crucial para que o bebê se sinta seguro e preparado para adormecer.
Use luzes suaves no quarto e evite telas pelo menos uma hora antes de colocar o bebê para dormir. Isso reduz a estimulação excessiva e regula o ritmo circadiano.
Outra dica importante, caso você guarde leite materno na geladeira, é separar o leite que você bombeou de dia do leite tirado durante a noite, pois o leite diurno contém cortisol, que mantém o bebê acordado, e o noturno contém melatonina, que induz o bebê ao sono. Portanto, amamente o bebê com leite diurno durante o dia e leite noturno à noite.
2. Ofereça um ambiente seguro e confortável
O quarto do bebê deve ser seguro, confortável e acolhedor. Um berço adequado, conforme as normas de segurança, e uma decoração do quarto que estimule o relaxamento são indispensáveis para criar um espaço favorável ao sono.
Certifique-se de que o colchão seja firme e de que o bebê esteja vestido adequadamente para a temperatura do ambiente. Estudos apontam que um ambiente seguro reduz o risco de distúrbios do sono e de acidentes, como a síndrome da morte súbita infantil (SMSI)². Evite travesseiros, cobertores soltos ou objetos grandes no berço. Esses itens podem representar riscos para a segurança do bebê durante o sono.
3. Ajude o bebê a reconhecer sinais de sono
Os bebês têm sinais claros de que estão prontos para dormir, como esfregar os olhos, bocejar ou ficar mais irritados. Respeite esses momentos e ajuste a rotina ao tempo do bebê, mantendo sempre o mesmo horário, para que ele se acostume com o horário de dormir.
Isso também ajuda a ajustar o ciclo de sono de forma saudável, promovendo um desenvolvimento cognitivo equilibrado³. Uma boa prática é manter anotações em um diário com os horários de sono e o progresso da adaptação, para identificar padrões e compreender melhor o comportamento do bebê, descobrindo os momentos em que ele sente mais sono.
4. Adote métodos gradativos de separação
Para ensinar o seu bebê a dormir sozinho, não é necessário deixá-lo sozinho enquanto chora. Pelo contrário, não deixe de dar assistência e cuidado ao seu bebê. Deixá-lo sozinho pode causar traumas e sensação de abandono. Adote métodos como o de Ferber, que envolve ir diminuindo a presença dos pais no quarto até que o bebê se acostume a dormir sozinho, e são eficazes⁴.
Leve o bebê para o berço quando ele ainda estiver acordado e fique junto dele até que ele durma profundamente. Gradualmente, reduza a sua presença, saindo cada vez mais cedo até que você possa sair logo que ele for pegando no sono, permitindo que ele desenvolva a capacidade de se acalmar e adormecer sozinho.
Dica prática: se o bebê chorar, espere alguns minutos antes de intervir. Isso ensina a autorregulação, habilidade importante para a autonomia infantil.
5. Promova a independência durante o dia
A capacidade de dormir sozinho à noite está diretamente relacionada à confiança e independência desenvolvidas durante o dia. Proporcionar ao bebê momentos de exploração e brincadeiras independentes ajuda a construir essa base emocional.
Atividades como brincar em um tapete no chão, explorar brinquedos adequados para a idade e interagir com diferentes texturas e sons estimulam o desenvolvimento motor e cognitivo, além de reforçarem a autonomia.
Certifique-se de que o bebê tenha um espaço seguro para explorar durante o dia, como um quarto com decoração do quarto apropriada e adaptada às suas necessidades.
6. Seja consistente e paciente
É possível ensinar o bebê a dormir sozinho no quarto, porém, entenda que isso levará um bom tempo. A consistência nas ações e a paciência são fundamentais para alcançar resultados. A falta de continuidade pode confundir o bebê e dificultar o aprendizado.
É importante ser compreensivo nessa etapa e entender que cada bebê passará por esse processo de forma única, pois todos são diferentes. Para se manter persistente, celebre pequenas conquistas ao longo do processo, como noites em que o bebê dorme sem chorar. Isso ajuda a manter a motivação.
7. Procure apoio profissional se necessário
Se, após um longo período de aplicação das estratégias, você observar que o seu bebê continua apresentando dificuldades significativas para dormir sozinho, é importante buscar o apoio de um pediatra ou especialista em sono infantil. Problemas como apneia do sono ou distúrbios respiratórios podem estar afetando a qualidade do sono da criança.
Além disso, profissionais especializados podem ajudar a ajustar métodos e oferecer orientações personalizadas baseadas em evidências.
A partir de que idade posso começar a ensinar meu bebê a dormir sozinho?
Especialistas recomendam começar por volta dos 4 a 6 meses de idade, quando os bebês já conseguem estabelecer padrões regulares de sono. Porém, esse processo de adaptação pode se estender até a criança completar 1 ano ou mais. Tudo depende da criança e da dinâmica da família. Em quartos compartilhados com irmãozinhos, por exemplo, o processo pode ser mais fácil, pois o bebê tem companhia.
Deixar o bebê chorando faz mal?
Estudos sugerem que métodos extremos de “deixar chorar” podem gerar estresse para o bebê e causar traumas emocionais, mas abordagens gradativas, com presença parental, são seguras⁵.
Como lidar com regressões de sono?
Revisite a rotina e seja paciente. Regressões são comuns em fases de desenvolvimento, como aos 6 meses ou 2 anos de idade. A melhor forma de lidar com essas situações é perseverando e mantendo a disciplina, para corrigir e colocar o processo de volta nos trilhos.
Crie um ambiente propício ao aprendizado do sono
Saber como ensinar um bebê a dormir sozinho é um investimento no bem-estar de toda a família. A autonomia infantil desenvolvida nesse processo reflete-se positivamente em diferentes áreas da vida, fazendo com que comportamentos de autoconfiança, disciplina, autorregulação e autonomia se manifestem na infância, adolescência e idade adulta.
Agora que o seu bebê pode dormir tranquilo no seu próprio quarto, confira também o nosso post sobre como montar um quarto neutro para bebê e prepare um ambiente acolhedor e confortável para o seu filho ou filha.
Referências
1. MINDELL, J. A.; WILLIAMSON, A. A. Benefits of a bedtime routine in young children. Sleep Medicine Clinics, v. 13, n. 3, p. 331-341, 2018. Disponível em: <https://europepmc.org/article/MED/29195725>. Acesso em: 14 nov. 2024.¹
2. MOON, R. Y.; et al. SIDS and other sleep-related infant deaths: Updated 2022 recommendations for reducing infant deaths in the sleep environment. Pediatrics, v. 150, n. 1, e2022057990, 2022. Disponível em: <https://publications.aap.org/pediatrics/article/150/1/e2022057990/188304/Sleep-Related-Infant-Deaths-Updated-2022>. Acesso em: 14 nov. 2024.²
3. GALLAND, B. C.; TAYLOR, B. J.; ELTON, R. et al. Sleep and preterm infants: A review of literature. Pediatrics, v. 129, n. 5, p. 877-882, 2012. Disponível em: <https://europepmc.org/article/MED/22331337>. Acesso em: 14 nov. 2024.³
4. FERBER, R. Solve Your Child’s Sleep Problems. Revised Edition. New York: Fireside, 2006. ISBN: 978-0743201636.⁴
5. PRICE, A. M. H.; et al. Sleep patterns and problems in infants and young children. Journal of Clinical Sleep Medicine, v. 8, n. 2, p. 125-134, 2012. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/29230867/>. Acesso em: 14 nov. 2024.⁵
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